Bióloga Fabiana Vilaça |
A Citologia Clínica já era reconhecida como área da Biologia Laboratorial indiretamente no início da década de 90, através da Resolução CFBio nº 12 de 1993, que dispõe sobre a regulamentação para a concessão de Termo de Responsabilidade Técnica em Análises Clínicas e dá outras providências, pois cita como obrigatório o conhecimento em citologia e histologia (para não citarmos as outras disciplinas).
No início dos anos 2000, a Resolução CFBio nº 10 de 2003, que dispõe sobre as atividades, áreas e subáreas do conhecimento do Biólogo, indicou a citologia nas áreas de Ciências Morfológicas, elencando o grupo de conhecimento em Anatomia humana, Citologia, Embriologia humana, Histologia, Histoquímica e Morfologia, dentre outras áreas do Biólogo.
![]() |
Foto: Angelo Gustavo Di Stefano, Biomédico. |
A entrevistada da série é a Fabiana Vilaça, que eu encontrei no CRBio Digital pelo extenso currículo, especialmente para falar um pouco da área para vocês!
É coisa de Biólogo: Citologia Clínica
Blog - Bom dia, Fabiana! O que é a Citologia Clínica? Existem outros nomes para essa área?
Fabiana - Bom dia. A Citologia Clínica é um ramo da citologia que estuda variações morfológicas inflamatórias e neoplásicas em amostras biológicas, como esfregaços cérvico – vaginais, urina, mama, tireoide, entre outros. Sim, a citologia clínica também pode ser chamada de citopatologia ou citologia oncótica, estando ligada ao estudo da Anatomia Patológica.
Blog - Quais são os profissionais que realizam a Citologia Clínica?
Fabiana - Podem realizar a Citologia Clínica Biólogos, desde que tenham especialização na área, assim como Farmacêuticos, Biomédicos e Médicos Patologistas.
Blog - Quais tipos de técnicas são utilizadas? Que tipos de patologias e desordens se conseguem descobrir através da Citologia Clínica?
Fabiana - Para elaboração das lâminas que serão visualizadas no microscópio óptico utilizamos, na maioria das vezes, a técnica de coloração de Papanicolaou, mas, também podem ser utilizadas outras técnicas de coloração com Shorr e Hematoxilina/Eosina. A Citologia Clínica é capaz de detectar alterações hormonais, lesões inflamatórias, infecções por fungos, protozoários, bactérias, vírus, lesões neoplásicas e cânceres.
Blog - Como você se tornou Bióloga Citologista? O que te chamou atenção na área?
Fabiana - Tornei-me Bióloga Citologista pois estagiei nesta área desde o primeiro ano da faculdade. Comecei aprendendo as técnicas de coloração e rotina de triagem de um laboratório de Anatomia Patológica, e depois passei a estudar o arquivo de lâminas de citologia da instituição, para aprender a diferenciar as estruturas nos esfregaços. Juntamente com o estágio participei de congressos, simpósios, cursos e palestras na área de citopatologia para poder solidificar meus conhecimentos na área. Logo percebi que a citologia clínica estava interligada com a anatomia patológica e a biologia molecular, tanto que aprendi a realizar macroscopia de peças anatômicas e fazer PCR, Hibridização in situ e outras técnicas laboratoriais de manipulação de DNA. Foi isso que mais me chamou a atenção na área: a citologia clínica é multidisciplinar, não exige apenas conhecimentos em biologia celular e morfologia, o que faz do citologista um profissional disputado, sendo quase impossível não encontrar emprego nessa área. Terminando a faculdade ingressei no curso de aprimoramento (pós- graduação) em citologia oncótica e passei a atuar como citologista.
Blog - Conte-nos um caso especial para você. Por exemplo algo que te deixou orgulhosa de ser Bióloga Citologista...
Fabiana - O bom de ser Bióloga Citologista é que você pode ajudar as pessoas a se prevenirem de doenças como o câncer, por exemplo, eisso é o que me deixa mais orgulhosa.
Blog - Sabemos que os Biólogos sofrem preconceito em determinadas áreas de atuação. Você sofreu algum tipo de preconceito? Se sim, como conseguiu superar?
Fabiana - Realmente, os Biólogos sofrem preconceito sim, principalmente dentro de laboratórios. Comigo não foi diferente. Porém, consegui superar esse preconceito e conquistar respeito e credibilidade através da minha atuação profissional e constante atualização, pois eu nunca deixei de estudar. Além disso, a citologia clínica é uma área onde quem é competente não perde espaço para o preconceito, pois, ou você sabe ou você não sabe, e não tem como enganar, pois sua rotina de trabalho é sempre revisada por algum outro profissional da área, geralmente um médico, afim de evitar resultados falsos positivos ou falsos negativos. Ou seja, você pode errar, o que é normal para qualquer ser humano, mas jamais você poderá realizar um exame de citologia clínica sem dominar o que está fazendo.
Blog - O que um Biólogo precisa fazer para atuar na área, e o que nos diferencia em relação aos outros profissionais? O que nossa formação traz de diferente?
Fabiana - Para ter espaço dentro da Citologia Clínica, como eu já disse, um Biólogo deve manter-se atualizado, ou seja, sempre estar estudando, sendo que, o que nos diferencia dos outros profissionais é a nossa formação multidisciplinar, pois temos conhecimento em áreas como zoologia, botânica, fisiologia, biologia molecular, anatomia, evolução, genética, ecologia, o que nos possibilita ir além das alterações morfológicas celulares. Esse conhecimento nos permite entender o motivo das alterações celulares que encontramos nas lâminas citológicas.
Blog - Você acha que a atual formação dos biólogos os prepara para o mercado de trabalho?
Fabiana - Depende muito do foco que a universidade dá para o curso de graduação em Ciências Biológicas, pois, geralmente, a maioria dos cursos foca na área ambiental. Então, cabe ao aluno, interessando-se pela área de citologia clínica, correr atrás de estágio ou cursos na área. Aliás, foi exatamente o que eu fiz.
Blog - Você indicaria locais para a especialização em Citologia Clínica?
Fabiana - Para especialização em Citologia Clínica eu indicaria o curso de Aprimoramento Profissional em Citologia Oncótica. (PAP). Mas, existem também os cursos de pós – graduação em Citopatologia da UNIFESP – Escola Paulista de Medicina e do IPESSP.
Blog - Deixe uma mensagem para os Biólogos, graduandos e estudantes em geral que gostariam de entrar na área de Citologia Clínica.
Fabiana - Para atuar na área de Citologia Clínica devemos ir além da observação de alterações morfológicas. Temos que ser multidisciplinares e buscar atualização sempre. A Citologia Clínica é uma área que emprega muitos Biólogos justamente porque exige dedicação, comprometimento e conhecimentos sólidos em Biologia Celular e Molecular, Microbiologia, Imunologia, Parasitologia, Virologia, Anatomia e Fisiologia.
Obrigado pela entrevista!
Fabiana - Bom dia. A Citologia Clínica é um ramo da citologia que estuda variações morfológicas inflamatórias e neoplásicas em amostras biológicas, como esfregaços cérvico – vaginais, urina, mama, tireoide, entre outros. Sim, a citologia clínica também pode ser chamada de citopatologia ou citologia oncótica, estando ligada ao estudo da Anatomia Patológica.
Blog - Quais são os profissionais que realizam a Citologia Clínica?
Fabiana - Podem realizar a Citologia Clínica Biólogos, desde que tenham especialização na área, assim como Farmacêuticos, Biomédicos e Médicos Patologistas.
Blog - Quais tipos de técnicas são utilizadas? Que tipos de patologias e desordens se conseguem descobrir através da Citologia Clínica?
Fabiana - Para elaboração das lâminas que serão visualizadas no microscópio óptico utilizamos, na maioria das vezes, a técnica de coloração de Papanicolaou, mas, também podem ser utilizadas outras técnicas de coloração com Shorr e Hematoxilina/Eosina. A Citologia Clínica é capaz de detectar alterações hormonais, lesões inflamatórias, infecções por fungos, protozoários, bactérias, vírus, lesões neoplásicas e cânceres.
Blog - Como você se tornou Bióloga Citologista? O que te chamou atenção na área?
Fabiana - Tornei-me Bióloga Citologista pois estagiei nesta área desde o primeiro ano da faculdade. Comecei aprendendo as técnicas de coloração e rotina de triagem de um laboratório de Anatomia Patológica, e depois passei a estudar o arquivo de lâminas de citologia da instituição, para aprender a diferenciar as estruturas nos esfregaços. Juntamente com o estágio participei de congressos, simpósios, cursos e palestras na área de citopatologia para poder solidificar meus conhecimentos na área. Logo percebi que a citologia clínica estava interligada com a anatomia patológica e a biologia molecular, tanto que aprendi a realizar macroscopia de peças anatômicas e fazer PCR, Hibridização in situ e outras técnicas laboratoriais de manipulação de DNA. Foi isso que mais me chamou a atenção na área: a citologia clínica é multidisciplinar, não exige apenas conhecimentos em biologia celular e morfologia, o que faz do citologista um profissional disputado, sendo quase impossível não encontrar emprego nessa área. Terminando a faculdade ingressei no curso de aprimoramento (pós- graduação) em citologia oncótica e passei a atuar como citologista.
Blog - Conte-nos um caso especial para você. Por exemplo algo que te deixou orgulhosa de ser Bióloga Citologista...
Fabiana - O bom de ser Bióloga Citologista é que você pode ajudar as pessoas a se prevenirem de doenças como o câncer, por exemplo, eisso é o que me deixa mais orgulhosa.
Blog - Sabemos que os Biólogos sofrem preconceito em determinadas áreas de atuação. Você sofreu algum tipo de preconceito? Se sim, como conseguiu superar?
Fabiana - Realmente, os Biólogos sofrem preconceito sim, principalmente dentro de laboratórios. Comigo não foi diferente. Porém, consegui superar esse preconceito e conquistar respeito e credibilidade através da minha atuação profissional e constante atualização, pois eu nunca deixei de estudar. Além disso, a citologia clínica é uma área onde quem é competente não perde espaço para o preconceito, pois, ou você sabe ou você não sabe, e não tem como enganar, pois sua rotina de trabalho é sempre revisada por algum outro profissional da área, geralmente um médico, afim de evitar resultados falsos positivos ou falsos negativos. Ou seja, você pode errar, o que é normal para qualquer ser humano, mas jamais você poderá realizar um exame de citologia clínica sem dominar o que está fazendo.
![]() |
A biologia sendo aplicada
pela Bióloga Fabiana Vilaça
|
Fabiana - Para ter espaço dentro da Citologia Clínica, como eu já disse, um Biólogo deve manter-se atualizado, ou seja, sempre estar estudando, sendo que, o que nos diferencia dos outros profissionais é a nossa formação multidisciplinar, pois temos conhecimento em áreas como zoologia, botânica, fisiologia, biologia molecular, anatomia, evolução, genética, ecologia, o que nos possibilita ir além das alterações morfológicas celulares. Esse conhecimento nos permite entender o motivo das alterações celulares que encontramos nas lâminas citológicas.
Blog - Você acha que a atual formação dos biólogos os prepara para o mercado de trabalho?
Fabiana - Depende muito do foco que a universidade dá para o curso de graduação em Ciências Biológicas, pois, geralmente, a maioria dos cursos foca na área ambiental. Então, cabe ao aluno, interessando-se pela área de citologia clínica, correr atrás de estágio ou cursos na área. Aliás, foi exatamente o que eu fiz.
Blog - Você indicaria locais para a especialização em Citologia Clínica?
Fabiana - Para especialização em Citologia Clínica eu indicaria o curso de Aprimoramento Profissional em Citologia Oncótica. (PAP). Mas, existem também os cursos de pós – graduação em Citopatologia da UNIFESP – Escola Paulista de Medicina e do IPESSP.
Blog - Deixe uma mensagem para os Biólogos, graduandos e estudantes em geral que gostariam de entrar na área de Citologia Clínica.
Fabiana - Para atuar na área de Citologia Clínica devemos ir além da observação de alterações morfológicas. Temos que ser multidisciplinares e buscar atualização sempre. A Citologia Clínica é uma área que emprega muitos Biólogos justamente porque exige dedicação, comprometimento e conhecimentos sólidos em Biologia Celular e Molecular, Microbiologia, Imunologia, Parasitologia, Virologia, Anatomia e Fisiologia.
Obrigado pela entrevista!
Fabiana Aparecida Vilaça é Bióloga,
formada pela Universidade São Judas Tadeu, especialista em Citologia Oncótica
pelo Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo (Programa de
Aprimoramento Profissional – IAMSPE), mestre em Ensino de Ciências pela
Universidade Cruzeiro do Sul, possui anos de experiência como Bióloga
Citologista em laboratórios e hospitais, além de ministrar aulas em universidades, unindo a academia e a prática profissional.
Vocês gostaram? Vejam também:
É coisa de Biólogo: Programa Saúde da Família
É coisa de Biólogo: Circulação Extracorpórea
E ainda a publicação em "Direito do Biólogo":
A legalidade do Biólogo nas Análises Clínicas e Citopatologia
Contato: fabiana_bio@hotmail.com
Vocês gostaram? Vejam também:
É coisa de Biólogo: Programa Saúde da Família
É coisa de Biólogo: Circulação Extracorpórea
E ainda a publicação em "Direito do Biólogo":
A legalidade do Biólogo nas Análises Clínicas e Citopatologia
Muito legal Fabi!Parabéns!
ResponderExcluirObrigada Katarina!!!!!
ExcluirShow
ExcluirEntendo as declarações da Fabiana Villaça porque já trabalhei por mais de 6 anos em um laboratório de anatomia patológica onde eu fazia macroscopia de peças anatômicas e clivagem de material para confecção de lâminas para análise histopatológica. o trabalho é duro e supervisionado por médicos patologistas que acham que são melhores que os biólogos por causa de sua formação em medicina. De fato, a oferta de emprego é muito boa nessa área, mas os salários estão longe de serem atraentes.
ExcluirParabéns p!elo seu trabalho Fabiana!
ExcluirVou mostrar para a bióloga que faz essa parte no Laboratório de Patologia que trabalhamos.